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| Padre Manuel Ferreira |
Ora,
uma vez que este nosso jornal sopra as letras, para soarem bem em português, é
bom que a gente se esforce por evitar erros desafinantes.
Há
aí uma pequena letra, que nos dá problemas. Tão pequenina e tão exigente. É a
letra a, quando exige
um acento grave ou acento para trás, e fica à.
Observem
bem os seguintes exemplos, e confiram se é assim que costumam escrever:
Do Maputo à Beira e da Beira ao Maputo. De Tete à Beira e da Beira a Tete. De Tete ao Chimoio e do
Chimoio a Quelimane. De Quelimane a Pemba e de Pemba a Nampula. De Moçambique a
Angola e de Angola a Moçambique. De Moçambique à Zâmbia e da Zâmbia a
Moçambique. Chegaste a casa, quando eu cheguei à Baixa. Fui a um baile,
enquanto tu foste à escola. Foste à loja, ou foste a casa do amigo? Cheguei à
África, cheguei a Moçambique, à Tanzânia, a Angola, à Guiné, a Cabo Verde, a
Zanzibar, a Luanda, a Cabinda, a Harare, a Madagascar.
Se
é mesmo assim que vocês escrevem, e se ainda por cima, sabem explicar porquê,
eu não precisava de estar para aqui a escrever estas linhas!
Vamos
recordar, porque como diziam os latinos, repetita
iuvant: as coisas repetidas ajudam.
Temos
o a, que é artigo: por exemplo: a revista está excelente. Temos o a, que é preposição: por exemplo, ando a estudar, vou a Tete, vou a Quelimane, vou a Pemba, vou a Nampula. E temos o a, que é pronome: por exemplo, essa Elsa, ainda
ontem a
encontrei na Baixa.
Algumas
vezes, o a-preposição mistura-se com o a-artigo, e fica a contracção à: vou a uma loja (preposição com
artigo indefinido), mas vou à loja (vou a a loja).
A maioria das nossas cidades
não tem artigo. Não dizemos o Quelimane ou a Pemba. Só 4 cidades têm artigo: o
Maputo, o Chimoio, o Gurúe e a Beira. Por isso, dizemos: vou a (só preposição,
sem artigo) Quelimane. Mas vou à (preposição a, mais artigo a) Beira, vou ao
(preposição a, mais artigo o) Gurúe. E páro, para não vos massacrar!

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