sábado, 6 de dezembro de 2014

O poeta “faz-se por desobediências consecutivas” – Mia Couto


 



Ainda na esteira da celebração do Dia Mundial da Poesia, a Soletras, de forma breve, conversou com  o poeta/escritor Mia Couto, o “Prémio Camões 2013”, e arrancou-lhe as repostas que se seguem, intercaladas pelas questões que conduziram a sumária conversa.

Soletras: O que entende por Poesia?
Mia: Há quem pense que é um género literário. É mais do que isso. É mais do que escrever em verso. É pensar o mundo e os homens a partir do coração, a partir de uma lógica que tem mais a ver com a música e com a busca da harmonia do que com a razão.

Soletras: Como é que se faz um poeta?

Mia: Faz-se por desobediências consecutivas. É preciso saber não ser quem os outros esperam que sejamos. É preciso procurar aquilo que nos faz ser únicos e, por isso, termos uma voz única e criativa. Fazer poesia não é resultado de uma técnica. É preciso soltar uma voz interior que é uma espécie de eco de vozes antigas.
  
Soletras: Quais são as metas a serem alcançadas pelo poeta/poema?

Mia: Não existem metas. O poema é um caminho onde não há caminhos. Mas o poeta é um ser de um lugar e de um tempo. Ele não pode estar distraído em relação ao sofrimento do seu povo. (Redacção)






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