sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Os concursos literários podem salvar-nos



Editorial – Fevereiro de 2014
Esta não é uma constatação privada nem nova: no país não são promovidos muitos concursos literários. E não são conhecidas nem assumidas as motivações dessa anormalidade. Apenas se especulam as prováveis razões deste estado de coisas. Uns dizem que num país tão “pobre” quanto o nosso, a literatura (ainda percebida como mera diversão) não pode constituir prioridade. Outros, incluindo alguns literatos de renome, dizem que certos promotores e/ou patrocinadores, por falta de queda aos livros, por estes serem conteúdos de demorada ou difícil “digestão”, acabam por relegar para o último plano a literatura. Ainda há os que defendem que as estruturas competentes se alegram com o actual estado de coisas, pois assim, conseguem manter abafadas certas ideias “subversivas” que emergiriam pela arte literária.
As prováveis razões do problema acima colocado não esgotam nem podem aqui esgotar. O campo da especulação é bastante fecundo e pode servir de premissa para a investigação dum assunto como o ora em abordagem. Pretendemos é não continuar com as coisas neste estado. A arte literária não pode continuar a ser vista como uma mera diversão, como certas almas pensam ou insistem em pensar. Não pode continuar a ser relegada para o derradeiro plano, ela é a “porta de entrada” ou “sala de visita” de muitas artes. O fazedor do teatro, da música, da novela ou do filme precisa do texto literário.
Outrossim, a literatura não só diverte como produz ideias que também podem ajudar na edificação de uma nação como a nossa. Na literatura, contam-se histórias que encerram experiências valiosas de um povo ou de singulares. E não é verdade que, por meio da arte literária, se queira derrubar qualquer poder público. Muito pelo contrário. Quer-se, sim, ajudar os decisores, deitando-lhes variadas experiências. Até de entes sem “nome”.
A primeira coisa que sugerimos para alavancar a literatura é a promoção, em massa, de concursos literários. E estes concursos literários não precisam de ter os “fabulosos” prémios, como nos habituaram. Satisfazem-nos a publicação em antologias, as bolsas de estudos, os livros de grandes escritores, a publicação de textos em grandes revistas e jornais, etc. Não adianta haver meia dúzia de prémios com fabulosos prémios (cheques com somas “ avultadas”, laptops, viagens, etc.) para serem disputados por centenas de jovens escritores. O pior de tudo é que, às vezes, nesses poucos concursos há vencedores “encomendados” por quem se auto-intitulam “poderosos literários”.
É nossa impressão (bem vizinha da verdade) que há batota em alguns concursos literários. E não nos daremos a maçada de provar isso, se nos exigirem os visados. Pois é tamanha falsidade praticar, conscientemente, uma ilegalidade, apagando as provas, para no seguido exigi-las a quem nos acusa.
Mas esta adversidade (da batota) não pode levar os jovens escribas à preguiça ou ao desânimo. Pois o ordenado do preguiçoso é a pobreza e o desânimo é o ingrediente básico para a receita do fracasso. Lutemos para viver no paraíso que a literatura nos pode proporcionar!

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