Editorial
– Fevereiro de 2014
Esta não é uma constatação
privada nem nova: no país não são promovidos muitos concursos literários. E não
são conhecidas nem assumidas as motivações dessa anormalidade. Apenas se
especulam as prováveis razões deste estado de coisas. Uns dizem que num país
tão “pobre” quanto o nosso, a literatura (ainda percebida como mera diversão)
não pode constituir prioridade. Outros, incluindo alguns literatos de renome,
dizem que certos promotores e/ou patrocinadores, por falta de queda aos livros,
por estes serem conteúdos de demorada ou difícil “digestão”, acabam por relegar
para o último plano a literatura. Ainda há os que defendem que as estruturas
competentes se alegram com o actual estado de coisas, pois assim, conseguem
manter abafadas certas ideias “subversivas” que emergiriam pela arte literária.
As prováveis razões do
problema acima colocado não esgotam nem podem aqui esgotar. O campo da
especulação é bastante fecundo e pode servir de premissa para a investigação
dum assunto como o ora em abordagem. Pretendemos é não continuar com as coisas
neste estado. A arte literária não pode continuar a ser vista como uma mera
diversão, como certas almas pensam ou insistem em pensar. Não pode continuar a
ser relegada para o derradeiro plano, ela é a “porta de entrada” ou “sala de
visita” de muitas artes. O fazedor do teatro, da música, da novela ou do filme
precisa do texto literário.
Outrossim, a literatura não
só diverte como produz ideias que também podem ajudar na edificação de uma
nação como a nossa. Na literatura, contam-se histórias que encerram
experiências valiosas de um povo ou de singulares. E não é verdade que, por
meio da arte literária, se queira derrubar qualquer poder público. Muito pelo
contrário. Quer-se, sim, ajudar os decisores, deitando-lhes variadas
experiências. Até de entes sem “nome”.
A primeira coisa que
sugerimos para alavancar a literatura é a promoção, em massa, de concursos
literários. E estes concursos literários não precisam de ter os “fabulosos”
prémios, como nos habituaram. Satisfazem-nos a publicação em antologias, as
bolsas de estudos, os livros de grandes escritores, a publicação de textos em
grandes revistas e jornais, etc. Não adianta haver meia dúzia de prémios com
fabulosos prémios (cheques com somas “ avultadas”, laptops, viagens, etc.) para
serem disputados por centenas de jovens escritores. O pior de tudo é que, às
vezes, nesses poucos concursos há vencedores “encomendados” por quem se
auto-intitulam “poderosos literários”.
É nossa impressão (bem
vizinha da verdade) que há batota em alguns concursos literários. E não nos
daremos a maçada de provar isso, se nos exigirem os visados. Pois é tamanha
falsidade praticar, conscientemente, uma ilegalidade, apagando as provas, para
no seguido exigi-las a quem nos acusa.
Mas esta adversidade (da
batota) não pode levar os jovens escribas à preguiça ou ao desânimo. Pois o
ordenado do preguiçoso é a pobreza e o desânimo é o ingrediente básico para a
receita do fracasso. Lutemos para viver no paraíso que a literatura nos pode proporcionar!
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