quarta-feira, 1 de abril de 2015

FILÓSOFOS E PEDÓFILOS

Pe. Manuel Ferreira


Com um esquema antropológico ternário, ensinaram-me os gregos que eu tenho corpo, alma e espírito. Os animais só têm corpo e alma. O que faz de mim uma pessoa é, exactamente, o meu espírito. E um cristão dirá que é graças ao meu espírito que eu sou à imagem e semelhança de Deus.
O meu corpo cuidam-me dele os médicos. O corpo sente, e aquilo ali é uma sensação. Sentir calor, frio, fome, saciedade. As sensações agradáveis chamam-se prazeres e as desagradáveis, dores.
A minha alma cuidam-me dela os psicólogos e psiquiatras. A alma sente e aquilo ali chama-se sentimento. Sentir pena, dó, medo, apreensão, entusiasmo.
O meu espírito é a fonte das minhas opções, ou decisões, que dão orientação e sentido a toda a minha vida. Os animais são regulados pelos instintos. Eu também tenho instintos, mas sou livre e não ando ao sabor dos instintos, mas oriento a vida, segundo uma opção, uma decisão, uma escolha do meu espírito.
Então, daí, que haja três espécies ou níveis de amor: amor carnal ou eros, amor psíquico ou filia, amor espiritual ou ágape.
Quem amar uma criança, com amor carnal ou erótico e abusar dela, sexualmente,  chama-se pederasta, e pratica a pederastia.
Quem amar uma criança com amor psicológico ou psíquico, tem por ela grande simpatia, dedica-se a ela, e chama-se pedófilo, e pratica a pedofilia. Tal como o amigo da sabedoria se chama filósofo e pratica a filosofia, tal como o amigo da humanidade se chama filantropo e pratica a filantropia.
Ora, então, se a filosofia não é repreensível mas louvável, se a filantropia não é repreensível mas louvável, porque é que a pedofilia tem de andar para aí aos pontapés, tão mal tratada pelos média? Muito simples: estamos no reino da ignorância. É, realmente, por ignorância, que dizem pedofilia em vez de pederastia, e pedófilo em vez pederasta. Seria caso para dizermos aqui: onde se lê e se escuta pedófilo leia-se e escute-se pederasta. E onde se lê e se escuta pedofilia leia-se e escute-se pederastia. Mas a maioria não sabe que isso está linguisticamente errado, e forma-se a procissão. E a minoria, que sabe que está errado, cala-se, e até se adapta, e acaba por entrar no coro da maioria desafinada. E, se houver alguém que se atreva a enfrentar essa enxurrada, mete-se em maus lençóis, porque se mete nestas chatas manias linguísticas! Claro que eu não nutro nenhuma esperança de mudar essa linguagem globalizada. O meu objectivo, aqui, é só informar e entreter!


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