Ninguém
imaginou que o Centro de Emergência seria este local, onde os problemas e as
soluções se cruzam. Muitos estão a ligar para nós e estão a ficar satisfeitos
com as nossas soluções. E não cobramos nada, agrada-nos a sua desatenção.
Ligue-nos pelo número 88 20 05 569.
Foram
muitas as chamadas que recebemos, ao longo destes dias, mas gravamos apenas
uma, a que se segue:
― Falo para
o Centro de Emergência?
― Sim. Diga
o seu nome mais a preocupação.
― Sou
Valdemário. Assassinaram o meu irmão…
― Quem o
assassinou? Foi a sangue frio ou quente?
― Não sei
bem. Mas ele não morreu no local. Morreu no hospital central.
― Ainda
bem!
― Ainda
bem? Ainda bem, porquê?
― Porque é
perto da morgue.
― Estou
muito contristado.
******
― Mas, Sr.
Valdemário, estavam pessoas no local, para salvar o seu irmão?
― Estavam.
Só ficaram a tirar fotos para as redes sociais.
― E os bombeiros?
― Esses é
que, desta vez, vieram cedo. Mas sem saberem o que aconteceu, também alvejaram
o meu irmão.
― Com armas
de fogo?
― Não. Com
mangueiras de água.
― oh, devem
ter confundido o vermelho do sangue com o do fogo.
― Dói-me
falar destes tipos.
― Mas
depois o salvaram…
― Qual
salvar? Depois de um Burro morto…
― Afinal, o
seu irmão, morto, era um burro? Então, não atendemos assuntos de burros.

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