EDITORIAL - Janeiro de 2015 Terminamos o primeiro ano com o sentimento de missão cumprida: diríamos se fôssemos políticos. Não o sendo, só podemos dizer que conseguimos editar uma revista literária, tida, por alguns, como agressiva, capaz de conquistar, a breve trecho, o seu espaço na literatura moçambicana.
Conquistar o nosso espaço? Isto nos interessa? Nem tanto. O que deveras nos interessa é amanhar espaço para os inúmeros bons escritores e leitores que vão germinando. Queremos, como insistimos em dizer, dar voz a quem precisa. Dar nozes a quem tem dentes, como que a corrigirmos o veredicto de Deus. Afinal, dissemos neste mesmo espaço, na primeira edição, que nós vínhamos “promover a distribuição equitativa da riqueza (entenda-se literária) ou reduzir o fosso entre os renomados e os anónimos”.
Esse objectivo, chamado no parágrafo acima, tem sido escrupulosamente perseguido, como se o nosso oxigénio aí residisse. A cada edição que sai, nos perguntamos se conseguimos trazer uma cara nova ou um novo escritor/poeta. A resposta quase sempre tem sido um “sim”.
Sem muitas condições, como equipamentos de trabalho jornalístico, conseguimos soprar as letras por todos os orifícios disponíveis. O nosso trabalho foi sendo feito graças à boa vontade de muitos que cruzassem o caminho da Soletras ou dos seus colaboradores. Não nos esquecemos dos gravadores que nos foram emprestados pelo artista plástico Silva Dunduro (o actual Ministro da Cultura e Turismo) e pela Professora Laurinda Chicapula, a Directora do curso de História, na UP-Beira. Tudo para que a iniciativa desses jovens, prenhes de vontade, fosse materializada.
Estamos gratos a todos, muito particularmente à Professora Doutora Mónica Bastos, que nos acarinhou desde o primeiro momento. Deu-nos o “leite materno” necessário, que nos tornou fortes, aptos para levar a bom porto esta iniciativa.
A mesma gratidão estendemos ao Padre Manuel Serra Ferreira, o próprio das Manias Linguísticas, pela forma como, à sombra, orienta este grupo de jovens, que somos nós. O que ele tem dito nos intimida e nos desafia, algo igual a isto: que desapareçam vocês antes de desaparecer a Soletras.
Já quase para terminar, os desafios que temos pela frente são enormes. E podemos citar alguns: formalizar o Movimento Literário Kulemba, o futuro accionista da revista; levar a Soletras a escolas e bibliotecas da cidade da Beira; dinamizar eventos literários, entre outros.
Já para fechar, encorajamos que outros jovens, de forma platónica, se juntem à causa da Soletras e do Movimento Literário Kulemba, na crença de que é possível mudar o aparentemente difícil ou impossível, basta agirmos em grupo. Aliás, este provérbio africano é bem elucidativo: “A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome”.
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